quinta-feira, 25 de abril de 2013

A Urna Atlante I

Ainda estava escuro mais já havia tomado meu café e estava sentado na velha cadeira de ferro na varanda esperando o dia amanhecer e ainda pirilampavam algumas estrelas no céu.
- Bom dia Cmte Jotha.
Era Dhoren e dois tripulantes Owmbas que conduziam nas mãos estranhos equipamentos.
- Viemos coletar essências sutis de sua pitangueira.
- Ah! Sim, sim. Estejam à vontade.
- O Theu pediu para avisá-lo que o expediente hoje começa as oito, pois uma reunião de Comando está programada.
Os três ficaram no fundo do quintal agilizando a coleta e como já havia servido o café da manhã a Mãe, fui para a Sala de Comando. Enquanto caminhava já usando meu corpo semi material ia pensando na situação que naquele momento estava vivenciando.
Enquanto estava na varanda sozinho, apenas percebia o mundo material. Mais quando Dhoren e os tripulantes chegaram passei a perceber a minha outra dimensão de vida, a Semi matéria densa e uma coisa ainda não consegui entender; como é que minha casa está dentro da nave e as pessoas que aqui veem nada percebem? Esta não percepção de outras dimensões denuncia o enorme atraso em que se encontra o ser humano em relação a vida no Cosmo. Conjeturava sobre o assunto quando me dei conta que já estava entrando na Sala de Comando.
- Atenção, Cmte Jotha no recinto. Anunciou um oficial.
Entrei e todos se levantaram, retribui a continência coletiva mais com um aceno de mão indiquei que ficassem à vontade. Sentei na Ponte de Comando e fiquei observando a tela Mãe que transmitia incríveis imagens de Galáxias em formação.
Um oficial de comunicação fez um comentário.
- Esta galáxia esta a 200 mil anos luz de nosso sistema Solar isto significa dizer Cmte Jotha que a sua luz levou este tempo todo para ser captada por nós.
- Obrigado pela informação mais não vejo estrelas.
- A explicação Comandante é de que ela é ainda um complexo conglomerado de nuvens gasosas mais mesmo assim é de uma beleza extasiante.
- Sem dúvidas, sem dúvidas, concordei.
Ia tecer alguns comentários mais fui interrompido por Theu:
- Cmte Jotha, os Comandantes e muitos oficiais interinos já estão se dirigindo para a Sala Reservada.
TC.TC. Estou indo.
Quando entrei na sala alguns estavam sentados e outros de pé e ao me verem a uma só voz gritaram:
- A'U”vvê! A”U”vvê!
- A'U”vvê! A”U”vvê! Respondi.
Como todos estavam acomodados, o Cmte Aulax deu a reunião por iniciada e pediu a Theu que lesse os tópicos a serem apreciados. Com um tablete na mão iniciou a sua falação.
- Senhoras e Senhores, o primeiro tema a ser apreciado é sobre o resgate da Unix I e as naves Anunaquis. Os engenheiros e técnicos Zendacquianos e Ovvmbas já deram a Unix III como pronta para a missão pois o ultimo teste foi efetuado a partir da Semi matéria abstrata no ponto Zero do Hiper espaço do Tempo absoluto. Ele foram até a Anti matéria densa, penetraram a Anti matéria abstrata, contornaram o Vórtice onde estão as três naves e voltaram sem problemas.
Mais o ponto importante desta viagem se refere aos resultados de um projeto da equipe do Dr Thair Boateng que procura uma resposta para a grande indagação: O que realmente existe na Anti matéria densa? E eles trouxeram a resposta. O conteúdo da Anti matéria densa nada mais é do que um filme de tudo que existe na Terra nas suas respectivas partições dimensionais, mais também é alimentado pelo conteúdo da Anti matéria abstrata constituído de ideias e sugestões que chegam do Cosmo.
O grande desafio da equipe é equacionar o trabalho da Força Tarefa nas partições dimensionais da Matéria a Anti matéria densa e talvez a abstrata para que tudo aconteça a contento.
Uma oficial Polaris não se conteve e indagou?
- Nós estamos vivendo na Semi matéria densa da Terra em diferentes dimensões e podemos sobreviver sem problemas na Semi matéria abstrata mais como eles sobreviverão na Anti matéria densa se lá pelo que sabemos não existe possibilidade vida humana? Eles terão que permanecer por lá algum tempo para realizar o trabalho.
Neste momento o Brig Perzini pediu o uso da palavra. Palavra concedida ele deu sua explicação.
- A Srta tem toda razão ao fazer seu questionamento. A grande dificuldade que impede que a operação de resgate aconteça é de que mesmo seres imateriais e semi materiais como nós não podem permanecer por um período muito prolongado na Anti matéria densa e muito menos na abstrata pois corre o risco de se transformar em um conglomerado de partículas unidimensionais.
O grande desafio da equipe do Dr Thair é encontrar um meio que garanta a sobrevivência da Força tarefa dentro do filme Anti material e uma importante experiência será realizada ainda esta semana. Por respeito a autoridade do Dr Thair não posso dar pormenores ou repassar informações.
Todos estavam perplexos com a declaração do oficial e físico mais quebrando o silêncio o Cmte Aulax indagou:
- O Brigadeiro tem algum motivo para acreditar em algum resultado positivo desta experiência?
- Sim e tenho mil razões para acreditar em um resultado satisfatório e convincente. Por favor Cmte Aulax seria indelicado da minha parte para com a equipe tecer mais algum comentário sobre a experiência.
A sorrir todos bateram palmas concordando com o Brig Perzini.
A um sinal do Cmte Aulax Theu continuou.
Em relação ao Perigo Amarelo as atuações do 4° Poder no Brasil ainda são débeis por isto o assunto segundo a Cel Zhang será uma das prioridades do Curso com um destaque para determinados tópicos como por exemplo vigilância sistemática dos negócios com a China, reformulação do sistema de fiscalização nas fronteiras, reestruturação administrativa da aduana nos portos e a reguarda da industria nacional.
Quanto ao futuro imediato da Esquadrilha Atlantis sugiro que o Ten Brig Zammer explane sobre o mesmo.
O oficial levantou-se, por alguns momentos ficou calado como se raciocinasse sobre o que ia dizer e só depois de dá uns passos para lá e para cá, iniciou a sua explanação.
- Senhoras e Senhores, como todos sabem a esquadrilha foi se formando aos poucos mais agora ela se compõe de treze naves e somente quatro possuem um quadro de comando completo. Como a tripulação total é altamente especializada, não foi difícil estabelecermos o quadro de oficiais e praças mais não tínhamos um numero expressivo de oficiais e mediante isto montamos um curso específico para oficiais superiores e nossa primeira turma de Brigadeiros que possam assumir comandos de naves e instituições já está pronta e na espera que o Comando Molecular marque a diplomação de seus componentes.
Os presentes bateram palmas comemorando a noticia e como o Ten Brig Zammer deu a sua falação como encerrada o debate sobre os tópicos se iniciaram. Muitas ideias, sugestões e questionamentos foram apresentados para a discussão e no auge da reunião o Dhoren apareceu e a um sinal seu, entendi que ele queria falar comigo. Mandei que ele se aproximasse e ele falou:
- Comandante tem uma mensagem privativa do Sistema a sua disposição. Disponibiliza ela na tela da sala ou quer vê-la no meu tablete.
- Vejo no seu tablete para não atrapalhar a reunião.
Dhoren acionou um comando e o Sistema começou a digitar no tablete:
Hoje as dezessete horas terá que viajar para o Reino dos Tupyguaçus. Não ingira alimentos materiais, faça a sua refeição na própria nave e procure repousar na parte da tarde. A NVBR-07 estará a sua disposição”
- Caramba eu bem poderia ir com o senhor.
- Sinto muito Dhoren mais acho que não é possível. Quando é ordem de serviço deste tipo é decisão de níveis superiores a minha competência.
Como o Cmte Aulax e os demais olhavam curiosos, fui até eles e expliquei do que se tratava.
- Eu gostaria de visitar o Reino dos Tupyguaçus, disse o Cmte Berhu.
- Estive por lá duas vezes, a região é muito bonita mais não desci por não haver permissão, estava a serviço. Aparteou o Cmte Rudron.
Assim que a reunião foi dada por terminada, pedi licença e fui até a copa fazer uma refeição depois fui para a suíte do comando onde pretendia repousar até a hora do embarque. Na suíte, quase a adormecer, conjeturava qual o porque da minha ida ao Reino dos Tupyguaçus mais não encontrava uma resposta. Um pouco cansado adormeci e só acordei quando Dhoren foi me avisar que faltavam alguns minutos para o embarque.
- Cmte faltam cinco minutos para o embarque, não se esqueça dos procedimentos do treinamento, pois não o acompanharei.
- TC Dhoren.
Fui para cobertura da nave e a NVBR-07 já estava a minha espera flutuando no ar a uns dois metros do piso e como sempre sumindo e aparecendo numa posição diferente.
- Boa tarde Cmte Jotha. Por aqui por favor.
Dizendo isso, ele inspecionou minha roupa e minha aura e me pediu para ficar a seu lado. Imediatamente um raio alaranjado nos envolveu e quando dei por mim estava no interior da nave. Na Sala de Comando um dos oficiais gentilmente me ofereceu seu lugar na Ponte de comando e a um sinal seu a nave partiu.
- Quanto tempo levaremos para chegar ao Reino dos Tupyguaçus?
- Chegaremos em cinco minutos. Não podemos ir mais rápido pois seu organismo está preparado por enquanto para voar a uma velocidade de Mach 6.
- Ah! Sim, sim. Quando fui para a Molécula Canudos o pessoal me esclareceu a respeito.
Um praça passou pela Ponte de comando com uma pequena bandeja e umas taças.
- É servido Cmte Jotha? São essências sutis de Cupuaçu.
- Claro que quero.
Enquanto hauria a sutil essência dei uma gargalhada.
Todos me olhavam com um olhar de perplexidade.
- Sabem o que é gente? Eu estava imaginando que estava sentado em uma sofisticada lanchonete haurindo minhas essências assim como também as taças. Ao perceberem isto, as pessoas saíram correndo de dentro da lanchonete.
A gargalhada foi geral.
- Pronto Cmte Jotha, chegamos.
- Vocês receberam alguma instrução especial.
- A ordem de serviço é deixá-lo no centro da aldeia e estacionar na Troposfera e a um sinal dos Tupyguaçus voltar para buscá-lo.
- Vou descer agora?
- Sim Cmte. Por aqui por favor.
A nave estava oscilando a uns dois metros do chão mais o raio alaranjado me colocou suavemente no solo.
- A'U'vvê! A'U'vvê Cmte Jotha.
- A'U'vvê! A'U'vvê.~Ivvihu’upe damama ~i’ratare ( ´O sábio pai velho).
- Vamos entrar, disse o Sábio Tupyguaçu indicando a direção de uma oca.
Na oca estavam sentados em circulo doze Sábios Tupyguaçus e o Santo Piá.
Repeti o cumprimento que o Sábio fez para o grupo e por indicação sua sentei em grosso toco ornado completando a roda. Um doce aroma de ervas ou flores era o ar do ambiente.
Um dos Sábios levantou-se e usou da palavra.
- Cmte Jotha é claro e evidente que não sabe porque veio aqui e só saberá quando o levarmos até a encosta além da cachoeira. Hoje Curuxu ( Cruzeiro do Sul) e Iandé ( constelação de Órion) estarão alinhados em relação a esta região, aí então daqui a mais ou menos uma hora iremos para a encosta e esperar o momento em que Jaci ( Lua) estará em prumo acima de nossas cabeças. Enquanto não chega a hora de irmos falaremos sobre os aspectos das práticas de Tratamento e Cura que devem ser disponibilizadas para todo ser humano sem restrições.
Durante uma meia hora, o Sábio Tupyguaçu discorreu sobre a prática e asseverou que ela era empregada com sucesso na remota Atlântida. Terminada a sua preleção ele foi até um canto da oca, puxou uma corda e um alçapão se abriu no teto.
- Quando Jaci aparecer ali, nós poderemos ir.
Sentados, continuamos a conversar sobre vários assuntos enquanto a Lua não aparecia através do alçapão e apesar de participar da conversa, meus sentidos estavam fortemente direcionados para o que poderia ser que me esperava na encosta.
Em dado momento a Lua apareceu e era cheia e notei que seus reflexos iluminavam o interior da oca.
- Vamos indo. Está na hora.
Todos se levantaram e o Sábio Tupyguaçu fez sinal para o Santo Piá e mais dois sábios para que nos acompanhassem. O grupo saiu da oca e seguiu para a mata em silêncio enveredando por uma trilha que ia dar na cachoeira. Em lá chegando seguimos por uma outra em direção a uma íngreme encosta de pedra. Ela parecia estar perto mais levamos uma meia hora para chegarmos até ela.
- Paremos aqui disse o velho Sábio.
O grupo parou e a um sinal seu, todos procuraram uma maneira de sentar em alguma lugar.
- Vamos aguardar, pois ainda falta algum tempo para Jaci estar realmente no prumo com a região.
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**** O olho que dizem que tudo vê, olha o Mundo e não me enxerga pois no Ontem não era, no Hoje não é e no Amanhã nunca será. No entanto Eu olho o Mundo e o olho que dizem que tudo vê: Eu o vejo e o enxergo pois no Ontem Eu era, no Hoje Eu sou e no Amanhã sempre serei porquê na Eternidade das Eternidades, Sou Um de D*E*U*S*.

**** Eu vim, vi e venci e nem “eles” me viram nem tu me viste.
**** Um abraço a todos, até o próximo artigo e Inté.
**** Independência ou Sorte. O Aedo do Sertão

**** Fim.
     

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