quinta-feira, 21 de junho de 2012

Meditações

Acordei cedo, tomei meu café e como ainda estava muito escuro fui sentar na cadeira de ferro no final da varanda. Havia movimentação na NVBR-01 na sua cobertura e heliporto.
Como o Cmte Berhu me viu cumprimentou-me com um aceno. Respondi e continuei sentado. Por alguns momentos fiquei indeciso quanto as minhas atividades ou ações no transcorrer da manhã devido ao fato de que somente na parte da tarde participaria de compromissos na NVBR-01 mais ao lembrar-me do resultado e previsões encontradas por Dhoren em sua análise sobre o Complexo Urbano Tele mental de Sepetiba uma pergunta surgiu dentro de minha mente:
““ Como o Brasil poderá ser um exemplo em Educação e Cultura no futuro se no momento presente é de total decadência a Educação Brasileira do Fundamental a Faculdade?”“
Claro que não tinha uma resposta para dar a mim mesmo e por isso fui pesquisar na Internet a opinião daqueles que de uma maneira ou outra estão ligados a Educação no Brasil.
De uma maneira geral todos se queixam de que apesar do Governo apregoar a construção de novas Unidades escolares e até Universidades a maioria das Unidades de Educação sofre com o desaparelhamento de material e físico. O salário dos professores é incompatível com as suas funções ainda mais que como agravante temos a péssima formação dos mesmos pelas pressupostas Universidades formadoras de profissionais do ensino. Todos batem na mesma tecla; é preciso investir na formação e na reestruturação do corpo docente e torna-se necessário  uma preocupação sistemática com a metodologia de ensino e ter uma pedagogia correta, que tenha o rosto do brasileiro para que a criança possa ler, escrever, entender e raciocinar com propriedade. Além do que cobrar com maior ênfase um compromisso cívico de maior intensidade com a escola do corpo docente.
Em uníssono eles reclamam pela a escassez de recursos que não complementam uma real assistência a área de educação devido ao fato de que  ao percorrer o caminho via Mec, Secretarias Estaduais de Educação, Secretarias Municipais de Educação, estes recursos se diluem sob a interferência de políticas administrativas dúbias não consagrando assim uma real assistência econômica as Unidades de Ensino.
Depois de lê, analisar e meditar muito sobre as informações coletadas na Internet cheguei a conclusão que os males que afligem a nossa Educação são estes:
1. – Desaparelhamento material físico das Unidades de Ensino
2. - Salários incompatíveis com os encargos da profissão
3. - Má formação, despreparo e falta de uma política eficaz para formação, reavaliação, reestruturação, e reciclagem do Corpo Docente.
4. - Metodologias de ensino e pedagogia incompatíveis com o perfil brasileiro
5. - Recursos escassos para a gestão das Unidades de Ensino
6. - Interferência na aplicação das metodologias e no conteúdo pedagógico e didático por ideologias políticas e credos religiosos
7. – Debilidade do compromisso cívico do Corpo Docente.
8. – Progressiva desnacionalização do ensino em seus conteúdos pedagógicos e didáticos, sufocados pelo crescente uso de idéias, propostas e modelos educacionais estrangeiros usados na sala de aula.
A partir da lista anterior podemos tecer as seguintes considerações:
1. O desaparelhamento material e fisco das Unidades de Ensino podem ser detectados até mesmo nas grandes Metrópoles do País onde serve de material de chacota na mídia quando a mesma quer fustigar este ou aquele governador ou prefeito. Ao descaso dos órgãos públicos, some-se a falta de respeito e os atos predatórios praticados pelo corpo discente da instituição. Leis duras deveriam ser editadas para coibir os abusos, punir os culpados e o ressarcimento dos prejuízos deveria ser cobrado dos pais ou responsáveis pelo infrator ou infratores. Do mesmo modo o desvio de verbas, materiais e outros bens de consumo deveriam ser penalizados com o máximo de rigor. 
2. O Docente queiram ou não a sociedade é um ser especial principalmente quando cônscio de suas responsabilidades, as exerce com propriedade perante Deus e os homens. Logo, ele deve receber da sociedade o justo salário para que ele possa exercer suas funções pelo menos com o mínimo de conforto e dignidade. Moradia, bens domésticos de uso, veiculo próprio, roupas adequadas e compatíveis com sua posição, cursos, tecnologias de ponta e um salário que a isto tudo contemple. A China sempre soube disso e desde seus primórdios ao enfatizar a personalidade e o papel do Professor no seio da sociedade, fez uma contribuição permanente ao progresso da Humanidade.
3. Pelo menos até os anos 50 do Século passado, época em que estudei nas séries primárias, o Docente ministrava todas as matérias na sala de aula. É evidente que ele tinha que estar atento e em dia com as propostas educacionais do governo. Era um ser polivalente em suas funções e se constituía um escândalo para o Corpo Docente e para os pais de alunos a perca de alunos no final do ano para a repetência. Isto colocava a sua honorabilidade profissional em jogo. No momento presente existem professores para lecionar todo o tipo de matéria, os chamados especialistas e o ensino em vez de progredir simplesmente estagnou no tempo porque a competência didática, pedagógica e cívica do Corpo Docente é deveras simplória e a respeito disto os dados são alarmantes. O próprio governo sabe que a real situação de nossos profissionais de ensino quanto a sua formação e competência é sofrível.
4. É público e notório que não temos uma Pedagogia eminentemente Brasileira o que temos nada mais é do que modelos importados isto é retalhos, que compõem a colcha pedagógica brasileira. Como tais retalhos ou propostas pedagógicas oriundas de além mar em muitos casos não são compatíveis entre si, difícil é de se estabelecer um conceito sobre a Pedagogia empregada na Educação dos Brasileiros. Pedagogia Tradicional, Renovada, Tecnicista, Social Política e Construtivista são ideações de outros povos e não exprimem a nossa Brasilidade. Nossas autoridades assim como nosso Corpo Docente ainda sofrem daquela doença terrível “a subserviência intelectual aos ditames, modismos e ideações oriundas do estrangeiro”. O dito aqui não é um ato xenófobo, que nos espelhemos naqueles que fazem o melhor por este mundo afora é o óbvio mais não é possível aceitar uma educação eminentemente brasileira sem as propostas vivas oriundas da sala de aula e de nossas culturas regionais.
Não é possível educar uma criança na Suissa e outra no Agreste nordestino utilizando a mesma Metodologia Pedagógica. Por isso se faz mister que o Docente tenha a liberdade de ousar, propor e até modificar as metodologias em curso dentro da sala de aula. Ao lidar com a área de educação, no questionamento a qualidade do ensino enquanto líder comunitário observei que era elegante e de bom tom um professor da língua portuguesa citar John Dewey, Piaget, L.S. Vygotsky, Wallon ou Emilia Ferreiro. Raramente alguém citava Anísio Teixeira ou Paulo Freire e outras eminências de nossa Educação. Com cara de tolo agradecia a explicação e o docente se ia pedante, pensando que tinha prestado uma grande informação a este “caeté”.
5. A escassez de recursos da Unidade Escolar pode ser detectada mensalmente a partir de um levantamento de suas necessidades e prioridades. Fácil de fazer, fácil de executar e mais fácil ainda é fiscalizar a aplicação dos recursos.
6. Uma prática que se perpetua através dos anos na área de educação e que ninguém ousa denunciar ou questionar é a prática sutil e perniciosa das ideias políticas e religiosas. Discorrer sobre política ou religião é próprio de uma aula cívica mais considerando que as ideologias políticas cada uma de per si alardeiam que possuem as soluções para os problemas sociais do homem e as religiões da mesma forma alardeiam que são intermediarias entre Deus e homem nas questões do espírito e, como aquelas nem essas a luz da Ética, da Razão e principalmente da Moral podem comprovar o que publicam e afirmam, professar mesmo de maneira subliminar religião ou política na sala de aula é uma ato antiético e imoral considerando a diversidade de credos, crenças, raízes étnicas e culturais que se aglutinam e se consolidam no dia a dia em nosso País embora não sejam percebidos pela sociedade e são os embasamentos de uma Filosofia diferenciada, coerente, nossa e inquestionável que nos permite dizer que somos não uma Nação mais uma Civilização Emergente.
7. A debilidade do Civismo no interior das Unidades de ensino é a olhos vistos, é tedioso cantar o Hino Nacional e pouco se sabe sobre as mulheres e homens que no passado até a vida deram para que herdássemos este País continente mais o Civismo não é só isso e não se restringe apenas a aferir aspectos históricos, culturais e a memória de uma Nação, ele é muito mais do que isso e o Civismo que devemos cultivar e através do qual podemos modelar uma personalidade pátria, pode ser fortalecido a partir do momento em que os problemas com os quais se defrontam o País sejam levados ao conhecimento dos alunos assim como as realizações e progressos que foram alcançados sejam demonstrados, discutidos e julgados na sala de aula. Ninguém possui uma vida mais plena de realizações pessoais do que um professor convicto não na fé, mais na certeza de sua profissão e não se pode subestimar a capacidade de aprender e de se superar mesmo sendo o aluno não bem aquinhoado pela inteligência. O Civismo é o Tempero da Educação e a roupagem da Cidadania.
8. Essas considerações básicas refletem a situação da Educação nos Países subdesenvolvidos e nos emergentes como o Brasil e se estendem até aos países europeus como é o caso de Portugal. A nível de Brasil, fiquei perplexo com sua situação ao manusear um livro encontrado em um “Sêbo” editado em 1967, Pátria Brasileira de autoria do Professor Antonio D’Avila. O livro que é um verdadeiro compêndio de Educação Cívica se distingue pela sua linguagem pura e pela Brasilidade de seus princípios pedagógicos. Conhecedor dos problemas da Educação no Brasil em sua época, discorre de maneira séria sobre as responsabilidades do Governo, da Sociedade e do Corpo docente do País. Longe de ser mais uma publicação às poeiras numa biblioteca, o livro é atual e retrata o momento presente da Educação Brasileira o que significa dizer que ele é um documento prova viva e concreta da negligência Governamental, da obtusidade de nossas Elites e do acomodamento de nosso Corpo Docente Nacional no gerenciamento da Educação Brasileira nestes últimos 45 anos considerando a data de edição do livro.
A progressiva desnacionalização do ensino em seus conteúdos pedagógicos e didáticos, sufocados pelo crescente uso de ideias, propostas e modelos educacionais estrangeiros usados na sala de aula já eram denunciados pelo Mestre. Nos dias atuais a educação nos paises subdesenvolvidos e emergentes e neste caso se inclui o Brasil caminha ou se desenvolve de acordo com as matrizes ”sugeridas” isto é impostas pela Nova Ordem Mundial via Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional.
A manutenção de uma Educação canhestra, caduca e que não eleva em nada o indivíduo se esconde por trás de demagógicas promessas de benefícios educacionais a população porque os detentores de todo o poder deste mundo “com suas políticas educacionais colonialistas” tem objetivos claros a longo prazo e a Educação do povão e seu futuro  são coisas do “mundo do faz de conta”. Por isso o candidato a docente ao se formar na Universidade deve saber que não sairá de lá como um Mestre e formador de opiniões mais apenas como um monitor que ensinará aos alunos como se prepararem para serem pacíficos servidores deste satânico sistema onde serão escolhidos ou excluídos pela MÚLTIPLA ESCOLHA a partir mesmo da sala de aula.
No entanto, dentro da sala de aula o professor pode mudar até mesmo a situação global ao lecionar de acordo como o sistema quer mais se doando muito mais além, ao informar, ao esclarecer, ao ser verdadeiro e ao dar exemplos pessoais de conduta da maneira de como o aluno necessita, do jeito de como a sociedade precisa para não ser transformada em um exercito de robôs a serviço de uma minoria planetária porque ali na sala de aula, bem ali a sua frente pode estar uma criança que talvez seja no futuro um agente transformador da sociedade e para isso o Docente pode contar com o aporte e suporte da Ciência Oaieme.
Que honra para um cidadão pode dizer no futuro: Este ilustre cidadão foi meu aluno! E o 4º Poder pelo menos a nível de Brasil deve estar atento ao aparelhamento das Escolas, ao uso dos recursos na  área de Educação, as Metodologias Pedagógicas e Didáticas que devem ser utilizadas na Educação Brasileira, a restauração da dignidade do Corpo Docente através de salários justos, reciclagem constante e ao compromisso umbilical do mesmo com sua Unidade Escolar. Sem sombras de dúvidas o destino desta Humanidade está nas mãos das Mestras e Mestres deste Mundo. Que Deus os guarde.
****
E se; um último alguém ao deixar o Brasil tentar apagar a luz que ainda resta de nossa Brasilidade não conseguirá, pois haverá sempre um ninguém para mantê-la acesa eternamente. (J B da Silva)
****
**** O olho que dizem que tudo vê, olha o Mundo e não me enxerga pois no Ontem não era, no Hoje não é e no Amanhã nunca será. No entanto Eu olho o Mundo e o olho que dizem que tudo vê: Eu o vejo e o enxergo pois no Ontem Eu era, no Hoje Eu sou e no Amanhã sempre serei porquê na Eternidade das Eternidades, Sou Um de D*E*U*S*.

**** Eu vim, vi e venci e nem “eles” me viram nem tu me viste.
**** Um abraço a todos, até o próximo artigo e Inté.
**** Independência ou Sorte. O Aedo do Sertão

**** Fim.