quarta-feira, 4 de maio de 2011

No ritual secreto III

O encontro com as crianças e seus professores foi um enlevo recíproco. Senti nas crianças aquela energia peculiar aos entusiastas e nos mestres e mestras ali presentes aquela aura paternal e maternal que todo profissional de ensino deve ter.
No apartamento, já na cama, meditava sobre o encontro e as situações negativas que torpedeiam o ensino público e que prejudicam o futuro educacional e profissional de nossos jovens nos sertões e nas metrópoles. Tudo isso começou nos anos 60 do século passado quando pressionados pela sociedade e por políticos apátridas o Senado editou uma lei retirando das verbas públicas de educação um percentual elevadíssimo cuja finalidade era promover e financiar a Iniciativa Privada de Educação e isto perdura até hoje, haja  vista que enquanto as Escolas e Universidades Públicas estão em dificuldades e decadentes, as Instituições de Ensino Privado se apresentam sólidas e prósperas.

A sociedade brasileira paga a iniciativa privada para a mesma cobrar mensalidades escorchantes a seus filhos. Isto significa dizer que a Iniciativa Privada ganha duas vezes não considerando as bolsas de estudo. Ainda bem que nas Moléculas não é assim que a Educação funciona. Nas Moléculas o grande esforço é no sentido de garantir uma educação de base de amplo espectro e uma educação mediana já visando uma atividade profissional conjugada a uma atividade artística. Estava ainda matutando sobre o assunto quando fui interrompido por Celso.
- Tem suco de abacaxi, toma um também?
- Aceito, respondi secamente.
- Vejo que você ainda está preso em pensamentos ao encontro com as crianças.
Ele voltou com um copo de suco e fez um comentário.
- JB e aqueles que não têm a mesma oportunidade que eles têm?
- Só nos resta uma coisa Celso. Orar por eles.
- É você tem razão. Para os que não estão aqui, que Deus os guarde.
Celso deu-me o suco, colocou os fones no ouvido e foi deitar. Eu tomei meu suco, virei de lado e adormeci.
No dia seguinte acordamos cedo e fomos dar uma caminhada pelas ruas próximas. Celso como um guia explicava o que este ou aquele edifico continha e o que se desenvolvia neles a nível de atividades. De repente algo chamou a minha atenção; na Molécula não havia redes aéreas elétricas.
- Celso como é feita a distribuição de energia elétrica na Molécula?
- Ela não é distribuída JB. Cada edifício ou cada quadra tem seus próprios geradores de energia.
- Mais isto não se torna dispendioso?
- Pelos métodos que você conhece sim mais pelos métodos que empregamos não.
- Vocês então desenvolveram uma tecnologia própria para obtenção de eletricidade?
- Sim e não utilizamos combustíveis de espécie alguma a não ser água. Água, água e água. Venha ver como funciona nossa tecnologia.
Dizendo isso fez sinal para que entrássemos em um edifício próximo. Falou com o responsável da portaria e por uma pequena porta descemos até o subsolo. E de frente para o sistema gerador explicou;
- Aí estão os quatro geradores do edifício. Dois trabalham em regime de revezamento e os outros dois atuam como reservas. Estes grossos tubos trazem água que fazem as turbinas funcionarem produzindo energia. Agora como o complexo total funciona aí não posso explicar.
- Mais para onde vai tanta água utilizada?
- JB JB, não insista. Isso não posso te dizer.
Tomamos nosso café na área de alimentação e quando já íamos saindo um grupo de Conselheiros chegava. Como não nos viram subimos para o apartamento. Enquanto Celso ultimava alguns documentos sentei-me na varanda para apreciar a paisagem da Molécula 1 – Canudos. Suas montanhas reflorestadas, catingas verdejantes, sinuosos regatos e igarapés, lagos que mais pareciam gigantescos espelhos tudo isso interagia com as sofisticadas e modernas construções da Molécula. Apesar da brisa da manhã refrescar a varanda um sutil perfume inundou o ar.
- Bom dia Sheylla, Um perfume tão feminino só poderia ser usado por uma deusa.
- Assim não vale JB. Você estragou a minha surpresa.
- Surpresa? Mais que surpresa?
- Aí está um muiraquitã autêntico JB. É para você.
Agradeci dando um beijo em seu rosto e ela colocou o muiraquitã no meu pescoço.
- Gente vamos embora pois só faltam quinze minutos para a ritualística.
Coincidentemente chegamos juntos com alguns Conselheiros e depois de verificado que a presença total estava nos conformes o Dr. Gomide fez uso da palavra;
- Bem faltam dez minutos para o inicio dos trabalhos e possivelmente o primeiro réu deve adentrar a sala exatamente às nove. Orientados pelo Sistema da NVBR01 serão retirados relógios e câmaras que americanos e ingleses possuem encaixadas nas fivelas dos cintos. Eles são equipamentos de transmissão de dados e estão em sintonia com os satélites MUUOS. Os chineses usam os rádios celulares convencionais mais a Cel. Zhang Kequing possui um incrível transmissor 4G incrustado no cabo de seu secador de cabelos. Todas as providencias já foram tomadas, só nos resta aguardar o primeiro a chegar.
Todos estavam acomodados em seus respectivos lugares no aguardo dos acontecimentos. Conforme instruções dadas no memorando recebido pelo destinatário, o mesmo deveria na hora marcada se apresentar na ante sala aos dois oficiantes e eles então o introduziriam na sala onde seria recebido. Exatamente as nove três pancadas na porta anunciavam a presença do primeiro a ser interpelado.
Os dois oficiantes à Figura foram até a porta receber o interpelado. Após cerrarem a porta, o conduziram até a Figura onde por alguns segundos se notou estertores e sons guturais emitidos pelo interpelado evidenciando um transe mediúnico. Passado este momento, todo o processo ritualístico transcorreu conforme o previsto. Um a um, todos vieram prestar contas de seus atos e depois disto eram conduzidos aos seus aposentos onde seus pertences eram recolhidos e em seguida eram logo embarcados em uma aeronave. A ultima pessoa a entrar foi a Cel. Zhang. Quando os oficiantes à Figura foram conduzi-la, ela com um gesto brusco desvencilhou-se dos dois e olhando furiosa indagou:
- Mais o que é isso?
- Prestação de contas Srta. Zhang. Respondeu calmamente o Dr. Gomide.
De ante da Figura ela suava e arquejava. Estava completamente desfigurada, grunhia e babava e não saia do lugar. Mediante isso o Dr. Gomide fez um sinal para que os oficiantes aplicassem suas mãos as costas da Srta., e a empurrassem devagarzinho para o centro da Figura. Um cheiro horrível inundou o ambiente, quando ela já no interior da Figura não mais grunhia nem babava. Seu corpo parecia boiar no espaço com tendências para o lado direto. Levou algum tempo para abrir os olhos e quando os abriu pudemos perceber que seu corpo oscilava para um lado e para o outro de uma forma quase imperceptível. Forças e poderes metafísicos estavam ali em terrível luta e eu podia perceber isso embora não visse nada, Uma senhora, a Conselheira Yndhira apertava a boca com as mãos demonstrando que estava vendo algo horrível e assustador. Neste instante o Dr. Gomide autorizou a leitura do Processo. 

Quando a leitura teve inicio a Srta., Zhang deu dois passos cambaleantes para frente e balbuciou – Senhores estou grávida. Nem terminou de expressar a frase e abateu-se pesadamente ao chão segurando a nuca com a mão esquerda e mantendo a direita encostada à cabeça com a palma da mão virada para cima. Sinal metafísico do pedido de perdão e clemência. Após alguns momentos de um sepulcral silêncio o Dr. Gomide levantou-se, expôs as razões e a gravidade do momento e solicitou do Senado do Conselho opiniões. Todos estavam meditabundos e em dado momento Tharas Can o mongol fez seu pronunciamento.
- Senhoras e senhores membros deste Senado, temos duas situações diferentes a nossa frente que são terríveis desafios ao nosso julgamento. A primeira é a quebra das regras e normas que regem a vida nas Moléculas e a segunda é a situação nada confortável de uma mãe e uma criança devido a esta falta grave que não podemos deixar de corrigir. Lembro a todos que o maior dos esforços das Moléculas é garantir resguarda, assistência e o futuro da nossa População Materno Infanto-Juvenil. Obrigado.
- Senhoras e senhores estamos de recesso por dez minutos. Quem quiser pode ir para as salas contíguas para meditar. Decidiu o Dr. Gomide
Particularmente era a favor de uma pena dura para a chinesa mais por um outro lado advogava atitudes humanitárias em relação a sua gestação. Sinceramente torcia a seu favor.
O oficiante à mesa foi chamado e a Dra. Anecy deu-lhe algumas instruções. Ele foi até a porta e repassou as mesmas a quem estava do lado de fora da sala. Minutos depois, pancadas na porta anunciavam a presença de alguém. Os oficiantes à Figura foram até a porta e um senhor se apresentou; era o Cmte do voo que levaria os espiões para Paris.
- Dr. Roberto, como o horário de partida expirou a mais de uma hora e os contatos com o senhor só poderiam ser feitos pessoalmente vim aqui para saber como devo proceder ainda mais que a Cel. Zhang não embarcou e os chineses estão um pouco rebeldes devido a sua ausência.
- Cmte Péricles a Cel. Zhang não embarcará, Refaça a lista dos passageiros e quanto aos chineses use os seguranças a bordo se necessário. Parta imediatamente.
- Certo senhor. Com licença.
O Cmte Péricles se foi e quando um dos oficiantes ia fechar a porta, alguém lhe entregou uma bolsa. Da mesa, a Dra. Anecy fez-lhe um sinal solicitando a mesma. Enquanto os Conselheiros se retiravam para o recesso, a Dra. Anecy e a Sra. Yndhira foram até a Figura onde a chinesa permanecia de bruços, colocaram um pequeno travesseiro sob sua cabeça, ajeitaram-lhe os braços rentes ao corpo e a cobriram com um lençol. Entendi que a moça estava em transe profundo símile aos que os iaôs ou filhos de santo de determinadas linhas de candomblé ou vodu vivenciam quando oram de bruços de ante de ícones de suas divindades. Ali, no entanto, a coisa tinha outro aspecto e dimensão.
Na mesa permaneciam calados o Dr. Roberto, o Dr. Gomide, Celso, Sheylla e o oficiante. Não sei por que não fui para o recesso com os outros e quando tomei a decisão de ir para a outra sala o Dr. Gomide fez um sinal para que permanecesse onde estava e me indagou em voz baixa.
- Você tem alguma ideia ou sugestão JB?
- Sinceramente Doutor não!
Instado, o Doutor, Roberto maneiou a cabeça, Celso deu de ombros e Sheylla deu apenas um muxoxo.
Na sala de recesso as dúvidas eram muitas, pois de lá vinham o som de conversas acaloradas. A situação estava neste nível de incertezas quando a pequena sonda telexiônica explodiu no ambiente; Era Theu:
- Cmte vai haver uma transmissão do Cmte Aulax sobre o problema interliguem um lap top por favor.
Rápido Celso interligou o lap top do Dr. Roberto e a mensagem começou a ser digitada na tela pelo Arquivo da NVBR01:
===== Olá a Todos. Estudamos todos os aspectos da situação da Srta. Zhang. Ela não tem como voltar ao seu País. Ela não pode ficar na Molécula e expulsá-la simplesmente do País seria condená-la covardemente. Não podemos impedi-la de ser mãe. Temos que garantir-lhe a assistência universal a criança. Mais também não podemos ferir as regras e normas que regem as Moléculas. Mediante isso decidimos que ela deverá ser levada para o Reino dos Tupyguaçus nos Planaltos Centrais do Brasil. Lá ela ficara até a criança atingir a idade pré-escolar, nesta época, tomaremos outras decisões. Na Long: -53.4 e Lat: - 9 entre a serra do Roncador e a Serra dos Gradaús, existe uma antiga pista de pouso. Índios esperarão por ela a partir de amanhã. Ela deverá saltar de para quedas e só levará equipamentos e roupas de campanha e o enxoval do nenê. Saudações a todos e até breve, Aulax ====
- Que acha disso JB?
- Pelo que eu sei Dr. Gomide, uma pesquisadora francesa há alguns anos atrás, participou de um ritual numa tribo se eu não me engano no Pará. Simplesmente ela desapareceu por muitos dias e quando ela reapareceu contou que foi levada para uma região incrível onde viviam pagés de alta estirpe. Parece que nunca deram crédito as suas narrativas. Agora se realmente este reino existe, ele será o único lugar em que a chinesa estará a salvo da ira de seus superiores.
Como o recesso terminara os conselheiros se acomodaram em seus lugares e todos eles demonstravam uma patente preocupação. O Dr. Gomide de maneira calma pôs-se de pé e indagou se alguém trouxera alguma sugestão, como ninguém se pronunciou ele foi enfático:
- Senhoras e senhores, como este Senado não tem nenhuma sugestão a apresentar, teremos que seguir as orientações recebidas da NVBR01 sobre o caso que me parecem ser as mais indicadas.
Pausadamente o Dr. Gomide explanou sobre as orientações recebidas e ao término solicitou ao Senado do Conselho que o ratificassem. Como todos votaram a favor ele solicitou das duas conselheiras conciliadoras que levantassem a Srta. Zhang para que ela ouvisse a decisão do Senado do Conselho sobre seu caso. A Dra. Anecy e a Sra. Yndhira foram até a Figura e cuidadosamente levantaram a Srta. Zhang e a mantiveram amparada de pé. Ela parecia debilitada e a Sra. Yndhira abraçou-a e deixou que ela repousasse a cabeça em seus ombros. O Dr. Gomide leu então as orientações emitidas pelo Cmte Aulax e concluiu.
- Mediante o decidido pelo Senado deste Conselho, a Dra. Anecy e a Sra. Yndhira partirão imediatamente acompanhando a Srta. Zhang para uma fazenda na Ilha do Bananal onde será preparada a sua viagem rumo ao Reino dos Tupyguaçus. Em sendo assim dou por encerrada esta sessão do Senado do Conselho das Moléculas.
A Srta. Zhang chorava amparada pela Sra. Yndhira. Sheylla e outras Conselheiras foram até ela e a confortaram silenciosamente mais quando o Dr. Hugo que chefiava uma pesquisa em que ela era uma pessoa importante ia passando parou e emocionado exclamou:
- Ó minha filha acontecerá um final feliz para tudo isso!
Ela lançou-se em seus braços e entre um soluço convulsivo e outro balbuciava;
- Desculpe Vovô, me desculpe.
Era este o tratamento carinhoso que toda a equipe dispensava ao velho pesquisador. Um longínquo e suave canto e sutil aroma inundaram o ambiente. Um Oba africano que quase nunca se pronunciava alisando as brancas cãs exclamou
-Ou Deus nos abençoa ou a Natureza festeja alguma coisa.
****

**** O olho que dizem que tudo vê, olha o Mundo e não me enxerga pois no Ontem não era, no Hoje não é e no Amanhã nunca será. No entanto Eu olho o Mundo e o olho que dizem que tudo vê: Eu o vejo e o enxergo pois no Ontem Eu era, no Hoje Eu sou e no Amanhã sempre serei porquê na Eternidade das Eternidades, Sou Um de D*E*U*S*.

**** Eu vim, vi e venci e nem “eles” me viram nem tu me viste.
**** Um abraço a todos, até o próximo artigo e Inté.
**** Independência ou Sorte. O Aedo do Sertão

**** Fim.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

No ritual secreto II

No final da ultima postagem o Dr.Gomide me questionou por não tentar explicar a sociedade o que é a Ciência Aieme e apesar de não ser ouvido nem pela mídia, nem pelas autoridades eu deveria insistir. Como resposta expliquei a ele que havia tentado várias e várias vezes, mais como as tentativas foram enormes frustrações para a minha pessoa e para não me desgastar, resolvi me dedicar a editar através da Internet a Ciência Oaieme e seus sistemas e cuidar da manutenção, revisões e os aprimoramentos possíveis a Ciência Aieme e isso me consome a minha jornada de trabalho diário. Acho que tenho que me preocupar com aqueles que visitam o Site e o Blog periodicamente e devem estar estudando e pesquisando a partir de seus interesses ou questionamentos. Ele me escutou em silêncio e depois de algum tempo coçando sua branca barba falou:
- Estou com você. Devemos dar atenção aos interessados e não aos indiferentes.
A conversa estava animada mais o Dr. Roberto interviu:
- Gente já se faz tarde e amanhã temos que treinar o ritual é melhor encerrarmos o contato. JB aguarde ainda hoje o contato de Celso ou da Sheylla.
- Então até breve, vamos sair do ar.
Saímos do ar mais Theu fez um comentário.
- Este trágico evento da escola lhe deixa um bocado aborrecido. Cmte.
- Sim Theu e muito ainda mais que, todas as pessoas da área de educação a quem mostrei ou falei da Ciência Aieme fizeram pouco caso do Método e até me trataram com certo desdém.
- Compreendo Cmte e em sendo assim não perca tempo em tentar contatá-los uma outra vez. Até amanhã.
- Até amanhã Theu.
Eram mais de uma hora da manhã e a noite continuava bastante quente como ouvi risadas e vozes vindas do quintal de Elenice gritei para ela que iria até lá. Ela sempre com seu ar brincalhão respondeu:
-Já chegou?
Fui lá e acertei com ela para ficar com a Mãe dois dias. Tudo acertado voltei para casa e depois de um bom banho com a água do poço artesiano me recolhi. Estava quase a conciliar o sono quando o celular foi acionado. Era o Celso.
- Desculpe JB mais tivemos vários contratempos e nos atrasamos. Podemos apanhar você as nove?
- Combinado. Estarei aguardando.
- Até amanhã. Desligo.
No dia seguinte Elenice chegou cedo e como ela já estava a par dos procedimentos da casa, fui me arrumar. Eram quase oito e meia quando Celso e Sheylla chegaram. Entraram foram cumprimentar a Mãe e depois de um breve papo com ela partimos. Durante o trajeto quase não falamos até quando Sheylla me ofereceu jornais do dia. Não quis nem olhar para eles.
- Não é de estranhar que você não queira ler os jornais. Só editam notícias ruins e manchetes de baixo nível.
- Existem notícias boas mais elas não interessam ao sistema que sejam publicadas. As noticias boas alegram e fortalecem as pessoas. As ruins as dividem assim como as colocam em pânico coletivo e enfraquecidas tanto moral como espiritualmente. Aí o diabo toma conta de tudo e o resto você sabe como é e como fica.
- Um dia isto terá um fim JB.
- Chegamos gente. Informou Celso.
Saltamos do carro e depois de Celso dar as chaves do mesmo a um senhor entramos no aeroporto e fomos direto para o hangar onde um Phenom 300 – Embraer nos esperava já de motores acionados. Da porta, uma jovem simpática acenou com os braços e Sheylla indagou.
- Estamos no horário ou atrasados?
- Não Sheylla. Até adiantados.
Entramos no avião e nos instalamos nas confortáveis poltronas, a moça fechou a porta e depois de alguns procedimentos de rotina fez um sinal de positivo para o piloto. Depois de um rápido diálogo com a torre de controle, a aeronave começou a taxiar na pista. A moça sempre sorrindo nos serviu um suco de abacaxi e explicou que realizaríamos duas paradas, uma em Salvador e outra em Recife para recebermos encomendas da Molécula. Adormeci e só acordei em Salvador como chovia o avião taxiou até a entrada de um hangar e rápidos dois senhores entregaram malotes e após alguns minutos partimos. Em Recife os procedimentos foram os mesmos. O voo transcorria tranquilo. Conversávamos sobre vários assuntos quando já a uma meia hora da Molécula I – Canudos o pequeno avião começou a vibrar e a demonstrar que algo estava interferindo no seu desempenho. O piloto demonstrando apreensão falou:
- Olha gente. Não há nada de errado com o avião, porém algo o está afetando. Estes aviões são altamente seguros e versáteis. Não sei e nem imagino o que possa ser. Parece que algo ou alguém está tentando fazer com que o avião emborque. Ponham os cintos e seja o que Deus quiser.
Colocamos os cintos e durante uns quinze minutos ficamos tensos na expectativa dos acontecimentos, porém como não aconteceu mais nada, respiramos aliviados. Quando estávamos discutindo o que poderia ter acontecido, uma pequena esfera lilás e translúcida apareceu no centro da cabine a uma altura de mais ou menos uma pessoa para surpresa de todos.
-Nossa. Ele é um etesinho. Mais como ele entrou nesta bolha?
- Caramba. JB. Ele não é seu amigo? Indagou Sheylla.
- Olá Cmte Jotha. Olá pessoal. Eu sou Dhoren e responsável pela segurança do Cmte. Esta é uma sonda telexiônica unidimensional e está conectada a aura do Cmte. O que houve é que o comandante de uma nave furtiva chinesa resolveu fazer uma brincadeira de mau gosto realizando voos rasantes por cima do Phenom de vocês mais como colocamos o Phenom dentro de uma bolha telexiônica unidimensional, o avião chinês não pode detectar vocês. Eles estão pensando que o Phenom caiu, por isso, estão voando em círculos tentando encontrá-los. Devido aos voos de reconhecimento praticado por eles sobre a Molécula I – Canudos o Cmte Rudron já veio para cá e está aguardando ordens de procedimento. Ele sugere dar um pequeno susto nos chineses. Autoriza isto Cmte?
- Um pequeno susto não, mais um sustinho mais forte, mais que seja bem dado.
- Tudo bem Cmte. Prossigam normalmente para a Molécula. Ainda restam vinte minutos de voo. Pela sonda vocês podem assistir o tal sustinho. A nave do Cmte Rudron vai se transformar em um Phenom 300 virtual e perseguir os chineses com raios mais os raios serão inofensivos.
Dizendo isto Dhoren saiu de cena e toda a região apareceu inclusive a aeronave chinesa voando abaixo das nuvens.
- Nossa! Ets, Óvnis, aviões invisíveis, raios. Que barato! Exclamava a moça sacudindo Sheylla.
Todos observavam a pequena sonda à espera do que poderia acontecer. De repente saindo de dentro de uma nuvem um Phenom 300 começou a disparar raios na direção do avião furtivo. O avião fez várias manobras tentando ficar numa posição em que pudesse atingir o Phenom 300 com sua artilharia. Não obtendo êxito, disparou um pequeno míssel inteligente mais o Phenom 300 o explodiu assim que foi disparado. Naturalmente o pessoal de bordo sentindo que o inimigo era a sua altura deram uma guinada rumo ao Este a toda velocidade. O Phenom 300 continuou a perseguição, disparando de vez em quando raios na direção do avião furtivo e só parou pelo que entendemos quando eles passaram das duzentas milhas marítimas no Atlântico.
- Pronto Cmte. Tarefa concluída vamos sair do ar. Mais alguma coisa?
- Não Dhoren mais amanhã estejam atentos, será o dia do ritual de expulsão dos espiões.
- Pessoal vamos aterrizar. Fiquem sentados. Poxa, mais que viagem! Exclamou o piloto.
No hangar, um carro nos esperava e enquanto Sheylla abraçava a motorista nos instalamos. Elas pareciam se conhecer a muito tempo, pois foi preciso o Celso chamar a atenção sobre o horário para elas entrarem no carro. A motorista era uma indiazinha sorridente e Sheylla fez questão de nos apresentar elogiando seus dotes.
-JB e Celso, Maria Rita é uma indiazinha Fulni-Ó e uma de nossas promessas no mundo da Física.
- Mais ela não é motorista? Indaguei meio arrependido com a pergunta.
- Sim. No seu mundo isto seria anormal mais nas Moléculas isto faz parte do dia a dia de todos. Dos vinte aos trinta anos todos obedecem a uma escala de prestação de serviços relevantes que vão desde lavar banheiros a capinar ou desde lavar louça nas cozinhas a lavar roupas. E até hoje nunca houve reclamações ou insubordinações.
- Senhor, ouvi falar que o sistema de educação da Molécula está montando um projeto que visa editar um dicionário onde todas as línguas indígenas e a brasileira vão ser seu conteúdo. Isto é verdade? A nossa também está incluída?
- Claro que sim, pois temos a pretensão de salvar todas na sua pureza de teor e forma. Este projeto demandará muito tempo e pesquisa mais é um objetivo educacional e cultural da Molécula em caráter irreversível.
- Que bom! Exclamou a indiazinha.
A conversa estava interessante mais como chegáramos à portaria do hotel nos despedimos das moças e já no apartamento Celso foi dando as orientações para o resto do dia.
- JB vou pedir para trazerem duas refeições de verão. São três horas da tarde e precisamos descansar. As seis temos treinamento de ritual e logo em seguida teremos que nos encontrar com a equipe do Dr. Rubens. Um grupo de professores e alunos do fundamental estarão presentes.
De imediato pelo celular Celso pediu as refeições e eu fui tomar um banho. Quando saí do banho as refeições chegaram e tive que atender a entrega, pois Celso cantarolando ainda estava na ducha. Esperei que ele sentasse à mesa e almoçamos em seguida, recolhi-me a uma gostosa rede e adormeci. Só acordei quando Celso apavorado sacudia a rede.
- JB estamos em cima da hora. Só faltam quinze minutos para o treinamento começar e ainda estamos aqui.
Rápido vesti-me enquanto Celso procurava seus óculos.
- Vamos pelo elevador de serviço. É mais rápido.
Quando chegamos a calçada um dos espiões, um chinês, parou Celso para perguntar algo. Celso na impaciência respondia entre os dentes. Um pouco distante ainda escutei o chinês reclamar: -Pôxa!Que má educação deste rapaz!
Chegamos ao edifício onde se daria o treinamento e subimos as escadas correndo. Ao entrarmos na sala o Dr. Roberto sorrindo falou:
- Para que esta correria Celso? De qualquer maneira nós esperaríamos vocês. Amanhã é que não pode haver atrasos.
O Dr. Gomide indicou os lugares onde deveríamos sentar e o treinamento começou. Conseguimos realizar três treinamentos no espaço de trinta minutos e como se deu tudo como certo os trabalhos foram encerrados.
Despedimo-nos dos presentes e por sugestão da Sheylla fomos assistir um torneio de vôlei em um sofisticado e amplo ginásio. Já íamos entrando nas dependências do ginásio quando Celso exclamou:
- Caramba. Sheylla nós temos que ir à reunião proposta pelo Dr. Rubens. Sua equipe, professores e alunos estão a nossa espera. Ainda bem que estamos dentro do horário.
Dizendo isso Celso fez sinal para que atravessássemos a rua.
- Não é o prédio da esquerda Celso, é o da direita gritou nervosa Sheylla.
Quando íamos entrando no saguão pude ler uma placa a direita da entrada: Centro de Pesquisas Avançadas - Educação e Cultura.
Dois jovens se aproximaram sorridentes e nos convidaram a entrar no elevador.
- Todos já estão no salão de Conferências e as crianças estão ansiosas por conhecê-lo Sr. JB.
Respondi que era uma honra está ali e em fazer contato com todos.
O elevador parou e nos dirigimos para o salão e nele fomos diretos para a mesa. Depois das devidas apresentações o Dr. Rubens anunciou que iríamos assistir uma apresentação de um vídeo concernente ao emprego do Acelerador Intelectual na sala de aula e em seguida eu responderia a uma bateria de perguntas e finalmente para terminar daria uma palestra rápida.
As luzes se apagaram e o vídeo foi apresentado. Cenas dos primeiros contatos das crianças com o Acelerador Intelectual, suas pesquisas, seus estudos e seus momentos onde o debate sobre assuntos vários norteou as aulas. Em um gráfico específico se demonstrou o avanço inconteste dos alunos e seu aproveitamento escolar.
Fiquei feliz com o vídeo, respondi um montão de perguntas e após realizar uma pequena palestra o Dr. Rubens ia dar o encontro como encerrado quando fomos surpreendidos por uma aluna:
- Sr. JB será que o Senhor podia da uma lidinha neste resultado que elaborei e dar um autógrafozinho no meu caderno?
Não pude dizer que não me sentei e calmamente li o teor e forma de seu trabalho em seguida levantei-me e abracei-a. O teor e forma de seu trabalho era este;
O MESTRE
Se ser só em ermo e reto setor é ter sorte, este mestre tem. E se em esmero oro e o som e o tom é em ré, temo e me tremo; me remoi o ser, tese, teores e termos este mote: O MESTRE.
More o esmero, o RETO METRO, teor, tese e termos em RETO SETOR. Se és RETO MESTRE e se tem tese, teor e termos e em RETO SETOR é só esmero, o SÓTER MESTRE te some o RETO METRO e sorte te é mero mote.
Se és mestre em esmo, se és só tese e se treme em meros termos, és só o resto em RETO SETOR e o temor te mostre o ermo e estremo setor morte.
Se és RETO MESTRE e és teso, ore. E o SÓTER MESTRE te some sorte, tese, teor e termos em RETO SETOR.
Se és mero mestre em esmo, o RETO METRO te tese, te tose e te tome em rés, sorte, tese, teores e termos em RETO SETOR.
No temor, orem o RETO MESTRE e o mestre em esmo sem meros termos. E só ores em RETO SETOR e o RETO MOTE é este: SER MESTRE É SER RETO, TER TESE, TEORES, TERMOS E ESMERO!!!
Pacientemente li o trabalho de cada um e não deixei de parabenizar um por um. Que maravilha, eles dominaram a Ciência Aieme e seus Métodos!
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**** O olho que dizem que tudo vê, olha o Mundo e não me enxerga pois no Ontem não era, no Hoje não é e no Amanhã nunca será. No entanto Eu olho o Mundo e o olho que dizem que tudo vê: Eu o vejo e o enxergo pois no Ontem Eu era, no Hoje Eu sou e no Amanhã sempre serei porquê na Eternidade das Eternidades, Sou Um de D*E*U*S*.

**** Eu vim, vi e venci e nem “eles” me viram nem tu me viste.
**** Um abraço a todos, até o próximo artigo e Inté.
**** Independência ou Sorte. O Aedo do Sertão

**** Fim.