Enquanto
os índios não apareciam a Srta. Zhang e o Santo Piá o Sacy
conversavam sobre o futuro dela. A emoção fazia a moça tremer e em
dado momento ela entre lágrimas mais olhando firme nos olhos do
Santo Piá indagou:
-
Lá no Reino Encantado não conheço ninguém como será minha vida?
Será que alguém conversará comigo? Você tem que me ajudar Sacy,
pois aprendi em confiar em sua pessoa. Sinto que espiritualmente você
não pode me abandonar.
-
Fique tranquila Tiazinha ainda visitarei você na aldeia antes de
partir e em toda Lua Nova, lá no Reino Encantado, estarei com você.
Agora tenho que ir os índios estão se aproximando. Até breve e
Inté.
-
Até breve Sacy. Inté.
A
moça enxugou as lágrimas e procurou se ajeitar e começou a arrumar
as suas coisas.
Os
índios eram três robustos rapazes e o que parecia ser o líder foi
logo dando explicações em brasiliano idioma com um pouquinho de
sotaque evidentemente indígena.
-
Desculpe moça pelo atraso mais nos desviamos da rota. Era para nós
chegarmos aqui à noitinha. Mais isto não importa mais, a moça tem
fome? Trouxemos alguma coisa da civilização para a moça mais temos
beiju, tambaqui, tapioca e mel.
-
Ah! Eu quero beiju e mel. Vocês trouxeram água? A minha está
terminando.
A
um sinal do jovem um índio estendeu uma espécie de toalha de grosso
algodão e nela colocou o farnel que retirou de seu cesto, uma
espécie de caçoá que levava sobre as costas. Todos sentaram no
chão e comeram em silêncio. Quando terminaram o jovem retirou do
bolso de sua bermuda um celular e se comunicou com alguém. A moça
olhava para ele admirada enquanto ele falava ao celular em sua língua
natural;
-”Que
coisa esquisita”. Pensava a moça . “ Celular, relógio, bermuda
mais está descalço. Não dá para entender”
-
Estou avisando a aldeia que a encontramos e já vamos nos por a
caminho.
Dizendo
isso fez um sinal para que os outros dois desarmassem a pequena tenda
e dobrassem o para quedas.
-
Como é seu nome moça?
-
Zhang, Zhang Kequing. E o seu?
-
Antonio Waitá. Mais me diga uma coisa moça. Qual é a sua atividade
no mundo civilizado?
-
Sou oficial da força aérea chinesa e estava estagiando na Molécula
I – Canudos mais descobriram que eu era uma espiã. Como estou
grávida e não posso voltar para meu país, pois seria punida pela
gravidez, resolveram me mandar para o Reino dos Tupyguaçus.
-
Eu sei, eu sei. Será bom para você ir para lá. Como você é
militar com certeza se adaptará logo, pois você não irá sozinha.
Embora o Reino dos Tupyguaçus até para nós índios seja um mito
indecifrável, ele realmente existe.
-
E você Waitá qual é a sua ocupação?
-
Eu era sargento em um Batalhão de Selva mais como serei o novo
Cacique de minha aldeia no final do ano, fui obrigado a dar baixa.
Bem, vamos indo, pois temos umas três horas de uma longa caminhada.
O
grupo se pôs em marcha e adentrou na selva. Bandos de macacos
saltando de galho em galho curiosos, observavam e seguiam o grupo
mais de longe. De repente Waitá fez um sinal para que parassem. É
que logo a frente numa espécie de clareira uma terrível surucutinga
estava posicionada em atitude nada amistosa.
-
Abaixem-se e não falem.
Todos
acocorados, Waitá começou a emitir estranhos assovios ritmados e
imediatamente o ofídio deslizando por entre a folhagem desapareceu
na mata.
-
Vamos. Ela já se foi.
Em
silêncio o grupo continuou sua jornada até chegar a uma gigantesca
área de cerrados que se entendia até o horizonte.
-
Srta. Zhang quando chegarmos ao fim deste cerrado, atravessaremos
mais ou menos meia hora de selva e estaremos na aldeia. É melhor
descansarmos aqui e fazer um lanche.
A
um sinal seu um dos índios forrou o chão com a tosca toalha e nela
colocou todo o farnel.
-
Tem queijo e goiabada e chocolate em tabletes.
-
Obrigada Waitá mais eu prefiro tambaqui com farinha e depois um
pedaço de beiju com mel.
O
silêncio e o lanche foram interrompidos por fortes grunhidos,
rosnados e arrufos de animais em luta. Todos se levantaram para verem
do que se tratava e foram espectadores privilegiados de uma cruenta
luta entre uma onça pintada e um tamanduá bandeira. Só depois de
muita luta e muito ferida pelas aguçadas unhas do tamanduá, a onça
o venceu. Ao pressentir a presença do grupo tratou de levar a sua
presa para o interior da mata. No céu urubus e gaviões que
presenciaram a cena voavam em círculos na expectativa das sobras. No
sol a pino, do meio dia, o grupo acabando de atravessar os cerrados
alcançou a mata. Estavam demonstrando um certo cansaço pois
caminharam desde o começo em ritmo de marcha batida.
-
Estamos perto da aldeia mais vamos descansar um pouco aqui pessoal.
Todos
se acomodaram e a Srta. Zhang tratou de estender um cobertor e nele
logo adormeceu. Depois de uma hora de reconfortante sono o grupo foi
despertado por Waitá e se puseram a caminhar já numa trilha que ia
dar na aldeia. Como dissera Waitá o grupo não demorou nem meia hora
e já estavam entrando na área da aldeia. Crianças vieram correndo
ao encontro do grupo e duas cunhãs muito sorridentes vieram até a
Srta. Zhang e lhe tiraram a mochila das costas e de mãos dadas a
conduziram para a oca das mulheres. Ali elas em linguagem brasileira
lhe mostraram tudo que pertencia à oca e perguntaram se ela gostaria
de tomar banho. Ela disse que sim e solícita uma cunhã foi até um
canto resguardado por uma espessa cortina e de lá trouxe uma bermuda
e uma camiseta e ofereceu a moça dizendo que ela poderia tomar banho
no rio, pois elas também iriam. Meio sem jeito entre as moças ao
sair da oca, mais ao ser tratado com afeto pela tribo, pois todos a
cumprimentavam ao passar, logo se pôs a vontade e no rio feliz da
vida se esqueceu de seus problemas nadando e brincando com as cunhãs
e os curumins.
Ao
voltar, duas índias adultas esperavam a sua chegada sentadas em um
toco a entrada da oca. Fazendo um sinal para as cunhãs se afastarem,
uma delas indicou o toco para que a Srta. Zhang sentasse ao lado
delas. Sentada, a Srta. Zhang escutou dela a explicação que ela
iria dormir na oca de eventos da tribo e passaria o dia recolhida sem
ter contatos com ninguém e a noite, o Pagé iria preparar ela e as
duas cunhas para a viagem. Em seguida as duas se despediram mais
disseram que a noitinha viriam buscá-la. Como não tinha nada para
fazer a moça ficou ali sentada apreciando as brincadeiras das
crianças e o dia a dia da tribo.
A
transmissão foi interrompida pela voz do Dhoren:
-
Cmte é melhor ir descansar e se alimentar. Tire uma boa soneca, se
houver transmissões nós lhe acordamos e como é costume do Santo
Piá, Inté.
-
Inté Dhoren.
Como
não tinha almoçado e estava faminto, fui para a cozinha arrumar o
que comer. Como não como carne vermelha e estou enjoado de galinha,
preparei umas tirinhas de toucinho de fumeiro carnudo, pimentão e
rodelas de cará. Já tinha arrumado o prato e ia me sentar à mesa
quando escutei a voz da Mãe:
-
João me dá “uma comidinha”.
Essa
tal “comidinha” pode ser qualquer coisa contanto que lhe
satisfaça o apetite que está sempre ativo e com o qual não me
conformo devido a sua avançada idade. Paciente, arrumei duas
tirinhas de fumeiro em cima de uma rodela de cará e levei para ela
acompanhadas de um copo de suco de cajá. Pensei que ela estava no
quarto deitada mais estava sentada na cadeira em frente ao portão
vendo as crianças brincarem.
-
Uh lá, lá. Que cheiro bom mais o que é isto?
Brincando
respondi:
-
Não é carne nem osso nem perna de mosquito.
Rimos
juntos e entrei para almoçar. Depois do almoço estirei-me na rede e
só acordei lá pelas seis horas e resolvi trabalhar um pouco. Limpei
os dados de navegação, restaurei o sistema e comecei a digitar em
uma postagem que iniciara. Não demorou muito e Dhoren apareceu na
micro bolha. E anunciou:
-
Cmte a transmissão vai iniciar dentro de três minutos.
-
Os Conselheiros foram avisados?
-
Sim Cmte, todos.
Na
micro bolha Theu apareceu sorrindo e fez um sinal de positivo que
respondi com um aceno. Acomodei-me na poltrona e esperei a
transmissão iniciar. A expectativa foi de uns cinco minutos e a
transmissão começou com as duas índias chegando à oca das
mulheres. A Srta. Zhang estava sentada no toco à entrada da oca e ao
vê-las entrou e foi apanhar a sua mochila que as cunhãs ajudaram a
ajeitar em suas costas. Ladeadas pelas duas índias ela se foi em
direção à oca de reuniões da aldeia que é um grande salão e
rodeada de janelas, porém o seu aspecto do exterior é como as
outras ocas redonda. No salão estava estendida uma rede e uma
fogueira estava acesa para iluminar o ambiente.
-
A moça vai ficar aqui recolhida. No inicio da madrugada, lá pela
meia noite o Pagé virá aqui para preparar a moça e as cunhãs para
a viagem. Em seguida partirão com ele. É bom a moça comer qualquer
coisa e beber água antes da meia noite. Procure ficar calma e
descansar. Nós já vamos. Inté.
-
Inté companheiras.
Sozinha
a Srta. Zhang estirou-se na rede e passou a conjecturar sobre a sua
vida. Era de uma família de certa elevação social, bem sucedida
nos estudos e na profissão e agora estava ali, no meio do mato, em
País distante e longe dos seus e por mais que quisesse ficar
aborrecida com a sua situação que para muitos seria um terrível
transtorno só conseguia sorrir e em determinados aspectos, até se
sentia feliz ainda mais que; já sentia o nenê se agitando em suas
entranhas. Ele talvez por instinto se alvoroçou no seu ventre e ela
balbuciou:
-
Calma nenêzinho, Mamãe está bem.
Alguém
cutucou seu ombro e falou:
-
Ele está doidinho para nascer.
-
Mais que alegria ver você aqui Sacy. Quando for de madrugada
partirei.
-
Eu sei, eu sei. Falou o Santo Piá sentando no chão, à sua frente.
-
Sabe Sacy, antes de você chegar estava pensando em minha situação.
Pensando nos meus, em quem eu era, em quem eu sou e na situação em
que me encontro. Mais sinceramente e de coração não estou
aborrecida nem magoada com ninguém. Mais por que isto tudo aconteceu
comigo? Isto não consigo entender.
-
A Tiazinha quer mesmo saber?
-
Sim Sacy. Se você puder me explicar e seja o que for ficarei muito
grata a você.
-
Em sendo assim Tiazinha vou te explicar. O caso e questão é esta; a
Tiazinha foi capturada pelo Cmte Jotha.
-
Como assim Sacy capturada?
-
Calma, calma. Tiazinha eu explico.
-
Nos mundos habitados existem os idealizadores, os projetistas, os
executores e os operadores. Desde os remotos idos da Lêmure
Atlântida o Cmte Jotha exercia estas funções. Para que a Tiazinha
entenda rápido, tudo que a humanidade é, possui e usa foi ideado,
projetado, executado e operado por alguém no passado. Só que neste
ciclo atual de civilização, os maus é que idearam, projetaram e
estão executando e operando triste sina e sorte para a Humanidade.
Mais não terão êxito nos seus intentos mesmo sendo ajudados pelos
satânicos habitantes do planeta Nibiru e seus sudras os judo
sumérios.
Sentada
na rede, de olhos arregalados a moça era só atenção e espanto.
-
Quando o Cmte Jotha ideou os espiões na Molécula 1
–
Canudos. Pensou em um grupo de espiões chineses e o chefe dos mesmos
seria um oficial feminino. Então a Srta. Zhang foi capturada no
plano Semi Material. Para todos os efeitos, a Tiazinha no Plano
Material não existe aí sentada na rede mais ao mesmo tempo existe e
isto é o mágico do viver Cósmico. Quando vocês terráqueos
atingirem a evolução planetária em plenitude, poderão até viajar
no Tempo como eu.
-
Quer dizer então que eu também estou lá na China?
-
Estava mais não está mais, pois seus superiores realmente mandaram
você cumprir sua missão de espionagem na Molécula I – Canudos. A
Tiazinha veio ao Brasil saber se a Molécula I – Canudos já era
uma realidade.
-
Mais as Moléculas existem ou não existem Sacy?
-
Plenamente no Plano Material exterior isto é na vida quotidiana
ainda não. Mais na cabeça e no coração de milhares de criaturas
desta sofrida Humanidade sim. Isto significa que as Moléculas já
começaram a se materializar só que a Humanidade como um todo, ainda
não percebeu isto. Talvez até na China já existam rebentos do que
possa ser uma Molécula ativa.
-
Quer dizer que as Moléculas são ideações do Cmte Jotha? Se for
dele não será ele um Semideus?
-
Não Tiazinha. Ele não é um Semideus nem tampouco idealizou as
Moléculas. Quando a moral da necessidade de uma Humanidade necessita
de soluções para seu desenvolvimento ou aprimoramento e o Cosmo
tem planos futuros para a mesma, aí os gestores Cósmicos
disponibilizam os materiais e as informações necessárias desde a
antimatéria a imatéria mais não na matéria. Ai os mortais que se
preocupam em solucionar os problemas podem ter vislumbres de suas
próprias soluções, destas informações cósmicas e materiais e se
um deles ou mais crerem em sim mesmo e pesquisarem acabarão chegando
ao resultado final.
-
Mais se o mortal tiver más intenções quanto ao uso das informações
e materiais?
-
Tiazinha as informações são de usufruto de todos, até dos maus. O
que acontece quando o mau faz uso inadequado das informações e
materiais é que o resultado final acabará o devorando mais cedo ou
mais tarde e a dívida cósmica será somente sua. O Cmte Jotha é
apenas um participante de uma empreitada Cósmica iniciada a milhões
de anos na Atlântida e nela a hierarquia vai dos seres microscópicos
aos seres elevados e divinos.
-
Nesse caso ele é apenas um soldado, um subalterno?
-
Mais ou menos isto Tiazinha. Escute o Pagé e as cunhãs já estão
chegando, fique tranquila
e até a próxima Lua Nova. Inté.
-
Inté Sacy.
O
Pagé e as cunhãs entraram no recinto calados. O Pagé foi até onde
estava a Srta. Zhang fitou-a nos olhos e indagou:
-
Está sentindo medo?
-
Não apenas apreensiva de ante daquilo que não sei o que é.
-
Muito bem fique perto da fogueira de pé e não pronuncie qualquer
palavra até terminarmos a preparação.
Dizendo
isto o Pagé fez um sinal e as cunhãs vieram se postar a esquerda e
a direita da Srta. Zhang. Neste momento, no entanto a transmissão
foi interrompida.
-
Mais o que houve Theu?
-
Cmte simplesmente o ritual não pode ser visto por nós.
-
Então informe isto aos outros.
Nem
bem acabara de falar com Theu e o celular tocou. Era o Dr. Roberto.
-
JB o que houve? Houve falha na transmissão?
-
Não Dr. Roberto. O caso é que não podemos assistir o ritual.
-
Cmte o Cmte Berhu avisa que por ser muito tarde a transmissão vai
ser encerrada mais amanhã a partir das nove será transmitido os
eventos acontecidos de madrugada, pois assim que terminar o ritual de
preparação, mesmo sendo altas horas da noite eles se porão a
caminho. Dhoren já está avisando aos outros conselheiros.
-
Deu para escutar o aviso Dr. Roberto?
-
Deu JB mais está aparecendo no meu monitor e em sendo assim uma boa
noite e até amanhã.
-Boa
noite doutor.
-
Cmte mais alguma coisa?
-
Não Theu. Uma boa noite para vocês.
A
micro bolha se apagou, no relógio da parede eram onze horas então
fui dormir.
****
O olho que dizem que tudo vê, olha o Mundo e não
me enxerga pois no Ontem não era, no Hoje não é e no Amanhã nunca
será. No entanto Eu olho o Mundo e o olho que dizem que tudo vê: Eu
o vejo e o enxergo pois no Ontem Eu era, no Hoje Eu sou e no Amanhã
sempre serei porquê na Eternidade das Eternidades, Sou Um de
D*E*U*S*.
****
Eu vim, vi e venci e nem “eles” me viram nem tu me
viste.
****
Um abraço a todos, até o próximo artigo e Inté.
****
Independência ou Sorte. O Aedo do Sertão
**** Fim.
**** Fim.