segunda-feira, 12 de julho de 2010

Dificuldades II

O mês de dezembro foi trabalhoso e cansativo. Tentei colocar anúncios no site mais o Google alegou uma série de deficiências nas páginas. Tags, metas tags, links e códigos fontes precisavam estar consoante as normas do SEO. Eu não estava a par disso e por desconhecer os procedimentos tive de "fuçar" muito na Internet. para resolver o problema. Trabalhei duro durante dezembro e janeiro até finalizar os processos nas 70 páginas do site e isso foi bom porquê revitalizei e melhorei a aparência de todas. No meu rol de dificuldades esta foi até fácil de resolver comparadas as que tive de resolver no passado, o passado do Aieme e paralelamente o meu.
No passado, em 1990, abandonei o Movimento Comunitário decepcionado com os políticos, empresários, a sociedade e a classe média da região notadamente profissionais de educação e funcionários. Contristado, deixei para trás todas as conquistas sociais das quais nenhum político participou. Associação, posto de saúde , 2 Cieps, creche e projetos sociais de amplo espectro,.Reformas de escolas e obras foram conseguidos através de discussões técnicas com os gestores públicos e respaldadas pela comprovada carência social da Comunidade. Se uma pesquisa for realizada sobre as atividades passadas das Associações de Moradores da Zona Oeste do Rio de Janeiro, jamais encontrarão em algum documento da Associação de Moradores de Sepetiba, na minha gestão e porventura existentes nas mãos da Administração Pública ou particulares, alguma assinatura de político a não ser de prefeitos, governadores e de seus assessores imediatos.
Após deixar o Movimento, na solidão de meu atelier raciocinava no que faria da minha vida. Estava sem um tostão e sem trabalho, mais não estava aborrecido. Se por um lado estava triste, por outro estava feliz. Minhas ideações filosóficas em prol do bem comum o Social, oriundas dos Idos de 1964, estavam certas pois foi respaldado nelas que pude realizar tudo que realizei em prol do bem comum.na região. O amargo porém é que não tinha com quem conversar sobre isso e o pior; não seria compreendido. Hoje, essas lembranças são feridas cicatrizadas e ao olhar para elas me sinto como o audaz guerreiro que orgulhoso olha suas feridas a sangrar depois de vencer inimigos em feroz batalha. Aquela década foi dura para mim. A Mãe não me perdoava por ter abandonado as artes plásticas para me envolver com  problemas comunitários. Acostumada a me ver com dinheiro no bolso e amigos ao meu redor. nada falava mais seu olhar é até hoje de recriminação e tristeza.
Na solidão de meu atelier, depois de muito meditar, cheguei a conclusão que eu tinha quatro opções para levar a bom termo uma nova etapa de vida.
A 1ª opção seria voltar a expor na Feirarte de Ipanema
A 2ª opção seria pintar e tentar leilões e galerias A 3ª opção seria pintar quadros populares e vender para as lojas especializadas
A 4ª opção seria voltar a minha profissão de origem – a construção civil
A 1ª opção foi descartada porquê eu me ausentei da Feira a revelia e expor na Feirarte é o sonho de dezenas de artistas plásticos e artezãos.
A 2ª opção foi descartada porquê a despesa de compras de material de 1ª linha para confecionar meus quadros estavam além de minhas possibilidades.
A 3ª opção era viável mais foi descartada, pois se chegasse ao conhecimento do cerne das artes plásticas que eu estava pintando quadros "comerciais populares", praticamente estaria apagando meu currículo artístico construído a duras penas. Optei então pela 4ª opção a mais humilde porém segura. Ela não interferiria em minha vida artística e até poderia respaldar o meu retorno a ela. Com algumas ferramentas emprestadas, comecei a fazer alguns biscates. Como na região o poder aquisitivo até hoje é baixo o que conseguia ganhar mal dava para completar a dispensa. De pintor, escultor e desenhista premiado agora era nada mais do quê um dos muitos operários humildes a morejar a vida nas periferias. Mesmo assim a esperança de juntar dinheiro e comprar telas, tintas e pincéis de 1ª linha não me abandonava. Trabalhei todo o ano de 1990 mais não consegui juntar um tostão. Depois de um Natal de desconforto emocional e moral, na solidão do atelier resolvi dar outro balanço em minha situação. Eu tinha que recomeçar, mais recomeçar o quê? E como?
Após muitos raciocínios, cheguei a conclusão que teria que ter paciência para conseguir o capital necessário para comprar os materiais, aprender a conviver com a solidãso em todos seus aspectos e ocupar a mente e a alma em algo que não permitisse que eu me embrutecesse. Mais eu iria me ocupar em que?
A ideia de uma nova ocupação talvez intelectual me deixou até alegre, mais não tinha idéia do que poderia fazer. Andava para lá e para cá dentro do atelier e já estava ficando aborrecido. Resolvi ir para o quintal e lá, embaixo da frondosa goiabeira algo falou dentro de mim : Escreva, conte a trajetória de sua vida até hoje e não tenha vergonha de falar de seus fracassos. Isto reconfortará sua alma, reforçará a sua mente e o suprirá de energia até você encontrar soluções materiais para suas carências.
Os ecos daquela voz ainda ressoavam no interior de minha cabeça e eu já estava sentado dentro de um ônibus pois ia em Santa Cruz comprar canetas e uma resma de papel oficio. Na década de 1970 já tinha participado da elaboração de um livro de ficção " Os Deuses Vivem no Inferno" escrito por três autores: Santos Netto, Paula Pinto e eu. A confecção deste livro foi cercada de fatos incríveis e contar como ele foi escrito e as coisas aconteceram dava para confeccionar um outro livro e foi exatamente isto que resolvi fazer. Nascia naquele momento, O Dissidente de Alphan. No oceano tempestuoso de dificuldades onde me debatia, escrever um livro seria meu bote salva-vidas.
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**** O olho que dizem que tudo vê, olha o Mundo e não me enxerga pois no Ontem não era, no Hoje não é e no Amanhã nunca será. No entanto Eu olho o Mundo e o olho que dizem que tudo vê: Eu o vejo e o enxergo pois no Ontem Eu era, no Hoje Eu sou e no Amanhã sempre serei porquê na Eternidade das Eternidades, Sou Um de D*E*U*S*.

**** Eu vim, vi e venci e nem “eles” me viram nem tu me viste.
**** Um abraço a todos, até o próximo artigo e Inté.
**** Independência ou Sorte. O Aedo do Sertão

**** Fim.